Se eu precisar algum dia
De ir pro batente,
Não sei o que será
Pois vivo na malandragem,
E VIDA MELHOR NÃO HÁ.
É lugar comum, como se pode notar nesses versos, o eu-poético assumir a voz do malandro, além de exaltar a vida da malandragem em oposição ao trabalho (batente), forma de oposição ao discurso dominante. Em conexão a essa exaltação, cf. Tinhorão (1990/1998), chega-se rapidamente ao início dos anos 40 em que ocorria franco e aberto combate à imagem de um brasileiro inclinado à malandragem. ‘A Ópera do Malandro’, de Chico Buarque, institui-se por um narrador inscrito num dado momento histórico e num espaço que compartilha com seus narratários. É indispensável, pois, de acordo com o teórico, levar em conta a situação de enunciação, a ‘cenografia’ que a obra pressupõe, validada pelos narratários. É só assim que se pode conceber um tempo, um espaço e personagens / pessoas, dentro e fora da obra.
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