Sob essa ótica o arquienunciador, na realidade, faz a sua ópera em homenagem ao povo brasileiro, sofrido, doente, sem dinheiro, não obstante, alegre; chora, mas ri, canta e até mesmo dança / samba.
O diálogo entre arte e a vida sempre se estabelece num vaivém dialético infindável, pelo menos no que se refere a imitação. Uma copia e dita normas, aponta caminhos para a outra. O homem é pintado como sujeito do amor, verdade que discursivamente se encontra até mesmo nos contos de fada.
É contra esse tipo de opressão que fica mais forte, ainda, a homenagem que o compositor faz à malandragem. Essa homenagem assume, dessa maneira, um libelo não só contra o trabalho institucionalizado para aqueles que tiveram a sorte de estarem preparados para ele, mas, acima de tudo, uma apologia a favor daqueles que têm de usar de todos os expedientes para driblar as correntes contrárias para poderem sobreviver num país que não olha para a população menos favorecida (que por sinal forma a grande maioria de sua gente), e finalmente a favor dos compositores que assumem a voz desse tipo brasileiro, como também de si mesmos que têm de driblar os censores para fazerem valer, discursivamente, os seus ‘gritos’ contra o sistema.
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