Renato Manfredini Junior gostava de fantasiar que fazia parte de uma banda de rock imaginária chamada 47th Street Band, na pele do fictício Eric Russel. De quebra, quis homenagear o iluminista suíço Jean-Jacques Rousseau, o filósofo inglês Bertrand Russel e o pintor francês Henri Rousseau. Tornou-se Renato Russo. Despontou para o sucesso em Brasília. Professor de inglês, criou em 1978 o Aborto Elétrico, grupo influenciado pelo punk rock inglês. Em 1982, saiu do Aborto e montou a Legião Urbana. O resto é história, sedimentada em uma carreira de sucesso, com letras de músicas que atraíam e atraem até hoje uma multidão de fãs. Seus discos solos, entretanto, não apresentaram composições próprias, mas standards americanos e italianos, em que confirmava sua voz possante (muito comparada à de Jerry Adriani). A aposta em um repertório alheio foi uma tentativa de não misturar sua carreira solo com a da Legião. Em 1994, o título de seu primeiro disco solo — The Stonewal Celebration Concert — foi uma homenagem ao ativismo gay americano, que comemorava 25 anos. Além disso, o trabalho teve 50% da vendagem revertida para os projetos sociais da Ação da Cidadania contra a Miséria e a Fome. O repertório do disco era composto de música popular americana acompanhada por violão e piano, cantada por Renato em um inglês perfeito, aprendido dos sete aos dez anos, quando morou com os pais em Nova York. O disco vendeu 250 mil cópias. No ano seguinte, foi a vez da língua italiana, em Equilíbrio Distante, homenagem às raízes de sua família. Em 1997, o CD atingiu um milhão de cópias vendidas. O disco foi considerado brega, mas popularizou Renato para além do reduto rock e abriu espaço para a redescoberta da música italiana no Brasil. Um ano depois de sua morte foi lançado o póstumo O Último Solo, com sobras das gravações de Stonewall e Equilíbrio. São oito músicas, quatro de cada disco, produzidas pelo mesmo Carlos Trilha dos trabalhos solos, com o acréscimo de orquestra gravada no estúdio Abbey Road, em Londres. E uma faixa interativa com o clipe de Strani Amore e trechos em áudio de uma entrevista do cantor. Renato morreu vítima de broncopneumonia, septicemia e infecção urinária, decorrentes da Aids, depois de seis anos como portador do vírus HIV. Depois de sua morte, não faltaram homenagens de fãs e artistas: discos, livros, clones, shows. Como todo roqueiro que morre cedo, Renato Russo virou mito.
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